23/04/2009 | 078.3.53.O | ORDEM DO DIA |
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O SR. RAUL JUNGMANN (PPS-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, em primeiro lugar, venho aqui para fazer uma correção. O site Congresso em Foco colocou que a minha filha teria realizado 1 ou 2 viagens a Paris por conta da cota desta Casa. Isso não é verdade. Eu apresentei os comprovantes. Isso não existe. Essa é efetivamente uma tentativa de falsear, de promover uma verdade que não tem aderência na realidade.
Essa correção foi feita. Entretanto, esses dados se espalham pela “blogosfera”, e, hoje, infelizmente, em vários jornais se encontra essa notícia.
Então, faço perante esta Câmara, este Plenário, esta observação, e ao mesmo tempo lamento o que é ter uma pessoa de sua afetividade exposta a uma situação como essa.
Sr. Presidente, em segundo lugar, registro desta tribuna que apoio integralmente as medidas aqui propostas pelo Presidente Michel Temer. A meu ver, temos de aprová-las. Não se trata de estar concedendo algo seja a quem for, mas de entender que o parâmetro social com que nos veem efetivamente mudou. E cabe a esta Casa, que representa o povo, acompanhar essa mudança.
Entretanto, venho dizer coisas mais. Em primeiro lugar, espero que a Mesa abra uma sindicância por meio da Procuradoria da Casa, para apurar quem fez com que vazassem esses dados. Eu concordo que é preciso fazer a correção do malfeito, daquilo que signifique desvio da ética e da moral. Todavia, absolutamente não posso concordar em fazerem esta Casa viver uma situação de desrespeito, como a que estamos vivendo aqui.
Portanto, Sr. Presidente, peço a V.Exa. que transmita à Mesa desta Casa o meu pedido. Senão, eu formalizarei esse pedido à Procuradoria, para que ela investigue quem, criminosamente, fez com que vazassem tais dados. Não estou aqui fazendo nenhum reparo à imprensa, pois ela cumpriu o papel de divulgar. Mas, evidentemente, no transcurso de um processo, há que se manter o sigilo até que se chegue ao final.
No fundo disso tudo, Sr. Presidente, identifico a perda de relevância, funcionalidade e centralidade desta Casa. Saiba V.Exa. que, desde o fim da ditadura e o início da redemocratização, “noves fora” o processo constituinte, esta Casa tem descido ladeira abaixo. E por quê? Porque ela perdeu o controle de sua agenda e suas matérias, não é formadora da vontade política nacional. Somos subalternos. A opinião pública entende que nossa função é apenas apertar um botão, e que aqui não há debate real, aqui não é centro de poder real e efetivo. Se é assim, para que todo esse dinheiro, esses funcionários, esse vai e vem, essas passagens?
Essa perda de relevância é a matriz, embora jamais justifique tudo de que somos acusados.
Iria falar à tarde sobre a poupança, mas já que um orador fez referência ao assunto, registro que é o Governo que está dizendo que vai mexer na poupança; não somos nós. Quando disse que é tal qual o Governo Collor, não estava me referindo ao sequestro; estava dizendo que vão mexer, ou seja, reduzir os rendimentos da caderneta de poupança. Isso será feito. Mas quem deveria pagar essa conta não são os pobres correntistas, mas os bancos, os eternos privilegiados pela equipe econômica do atual Governo.
Portanto, que não nos venham imputar aquilo que não fizemos, e que reconheçam a verdade: o Governo vai mexer na poupança. É preciso que os correntistas, todos as pessoas e esta Casa sejam alertados, para que isso efetivamente não venha a acontecer e não se toque nas economias de 45 milhões de brasileiros, duramente conquistadas.
Pelo tempo e pela consideração, Presidente, muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Paulo César) – Nobre Deputado, o pronunciamento de V.Exa. será registrado.
A Mesa Diretora da Casa solidariza-se com V.Exa. pelas denúncias. Complemento o que disse, registrando que a imprensa faz as denúncias com intensidade tremenda, mas que o desmentido nunca ocorre da mesma forma; ele nunca chega àquela população atingida pelas denúncias feitas ou inverdades escritas.
Nobre Deputado, com certeza, a Mesa Diretora da Casa tomará as devidas providências.