Depois de afirmar que o Banco Central tem o desafio de aperfeiçoar constantemente a comunicação de suas decisões a fim de dar cada vez maior transparência ao sistema financeiro, Meirelles rebateu críticas de que a instituição tenha induzido os analistas de mercado a errar as previsões sobre os resultados da última reunião do Comitê do Política Monetária (Copom). Na ocasião, a taxa básica de juros, a Selic, subiu 0,50 ponto percentual, e chegou a 10,75% ao ano, enquanto os especialistas, com base em ata do Copom e no Relatório de Inflação divulgado poucos dias antes pelo BC, apostavam numa alta de 0,75 ponto.
“Houve um mal-entendido de muitos analistas”, afirmou Meirelles, destacando que o episódio teve um aspecto positivo, porque permitiu que as pessoas entendessem como funciona as normas de governança do banco. “Embora muitas vezes pareça estar claro para muitos, algumas questões não estão claras para todos. É o caso da chamada sinalização da última reunião do Copom”, afirmou.
“O sistema de metas de inflação visa a coordenar as expectativas de inflação, não a próxima reunião do Copom, cuja decisão tem que ser pautada tanto pela expectativa de inflação quanto pela inflação de fato medida. É útil e desejável que o maior número possível de analistas tenha a possibilidade de prever o resultado da próxima reunião e continuaremos nos esforçando para isso e, idealisticamente, quem sabe a economia mundial e a brasileira voltem a um nível de estabilidade no qual [a definição] seja totalmente previsível. Não é essa a situação da economia mundial hoje”, acrescentou Meirelles.
O presidente do Banco Central disse ainda que discussão sobre a autonomia da instituição durante o debate eleitoral é positiva por trazer para o centro das atenções o papel desempenhado pelo órgão.